PREÇO DO ETANOL NÃO PODE VOLTAR A R$ 0,60 NA USINA, DIZ ENTIDADE DO SETOR

A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) teme a continuidade da queda dos preços do etanol pago na usina. Atualmente, segundo o diretor técnico da instituição, Antonio de Pádua Rodrigues, a remuneração pelo litro do produto ao usineiro está próxima de R$ 0,90. “Espero que não caia muito mais. Não pode voltar a R$ 0,60”, disse a jornalistas após reunir-se com o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, em Brasília.
O presidente da Unica, Marcos Jank, acrescentou que a maior preocupação do setor não é com a redução dos preços ao consumidor, mas na ponta da produção. “Mais uma vez, o preço do álcool sobe de escada e desce de elevador”, afirmou. De acordo com os dois representantes do sindicato, está mantida com o governo a data de 1º de maio para o retorno do porcentual de mistura do álcool anidro na gasolina de 20% para 25%.
ESTOQUES
Representantes da Unica voltaram a solicitar ao governo incentivos para formação de estoques. Durante peregrinação a vários ministérios, em Brasília, executivos do setor pediram condições especiais para que não haja tanta volatilidade nos preços do álcool ao longo do ano. “Temos essa conversa todo começo de safra”, comentou o presidente da Unica, Marcos Jank, ao sair de encontro com o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes.
De acordo com Jank, a “longa pauta” de solicitações do setor inclui – entre outros itens, como a redução dos juros – que o álcool seja usado como uma forma de garantia real em financiamentos. Em 2009, o setor obteve R$ 2,3 bilhões em linhas de empréstimo do governo para estocagem, o que equivaleria a 5 bilhões de litros ou armazenamento de três meses. “Mas aí a crise chegou e o produtor não teve condições de acessar a linha, pois as exigências de garantia eram elevadas. O que pegou em 2009 foi a garantia”, disse o diretor-técnico da Unica, Antonio de Pádua Rodrigues.
Eles salientaram que a safra do ano passado foi totalmente atípica. Primeiro, porque, na primeira metade do ano, os usineiros sofriam com os impactos da turbulência internacional. A partir do segundo semestre, foi a chuva que prejudicou a colheita da cana. Com o impacto climático, o setor deixou de ofertar no mercado 4 bilhões de litros de álcool e 5 milhões de toneladas de açúcar.
“Por isso digo que são falsas as declarações de que o açúcar está tomando o lugar do álcool. Não está havendo migração de um produto para o outro”, garantiu Jank. Com a disparada do preço do açúcar no mercado internacional e a queda do preço do álcool combustível, a avaliação por parte de alguns analistas foi a de que houve mudança no foco da produção doméstica. O presidente da Unica garantiu ainda que não haverá falta do produto no mercado. “Vamos atravessar a entressafra sem problemas. Não há nenhum cenário que contemple a falta de álcool”, disse. (Agência Estado, 4/3/10)