CÂMARA SIMULA CLIMA PARA CANA

No Centro de Cana do IAC, equipamento reproduzirá, de maneira artificial em SP, situação climática da Bahia.
O Centro de Cana do Instituto Agronômico (IAC-Apta), em Ribeirão Preto (SP), tem se modernizado a passos largos. O Programa de Melhoramento Genético de Cana, que visa ao desenvolvimento de variedades comerciais, produziu, só no ano passado, 200 mil seedlings (mudas originadas de sementes), por meio do cruzamento de 400 famílias de diferentes variedades, que serão acompanhados nos próximos anos pelos pesquisadores. Só depois desse longo processo, que pode demorar 12 anos, serão lançadas mais variedades de cana, mais produtivas e tolerantes a pragas e doenças.
Além disso, em Ribeirão Preto está em fase final de construção uma câmara de fotoperíodo, a primeira do Brasil, que deve ser inaugurada este mês, para que as condições climáticas (luminosidade, temperatura e umidade), naturais na Bahia sejam reproduzidas e gerem novas sementes.
Hoje, os pesquisadores precisam manter coleções de cana numa estação de hibridação em Itaparica (BA). Lá, são feitos os cruzamentos para gerar as sementes em condições naturais longe de Ribeirão Preto, onde a luminosidade natural diária é menor.
O pesquisador Maximiliano Salles Scarpari será o responsável pela câmara de fotoperíodo, que deverá iniciar as atividades em 1º de janeiro de 2011. “Até lá, serão experimentos, testes e aprendizados”, diz. “A câmara ajudará a entender a fisiologia da floração da cana, como a indução do sincronismo da floração, impondo vários fotoperíodos”, diz.
CÂMARA AUTOMATIZADA
Como no Estado de São Paulo existem muitas noites frias, abaixo dos 18 graus, ou acima de 32 graus, o que também prejudica a floração, essa câmara, que será automatizada, controlará artificialmente a temperatura, a umidade do ar e a luminosidade, antecipando ou retardando o florescimento da semente.
Segundo o diretor do centro, Marcos Landell, os investimentos em modernização e infraestrutura desde 2009 chegam a R$ 4,7 milhões, sendo R$ 3,5 milhões da Fapesp, para melhoramento genético voltado à cana bioenergética e R$ 1,2 milhão da Secretaria de Agricultura. “O processo de melhoramento só consegue gerar saltos se houver variabilidade genética na seleção”, diz Landell. Isso é necessário para buscar a variedade mais próxima do ideal: mais ereta para facilitar a colheita; uniformidade dos colmos, maior produtividade de açúcar, fibras, etanol e biomassa, além de resistência a pragas e doenças.
O programa de melhoramento genético de cana do IAC começou em Campinas, em 1933, e existem relatos desde a década de 1940 sobre a atuação em Ribeirão Preto, mas intensificado a partir da década de 1970 (antes o café predominava). Porém, foi em 1990 que Landell reorganizou o plano de cana do IAC, “do zero”, em Ribeirão Preto (O Estado de S.Paulo, 10/3/10)