ASSENTADO DE ARARAQUARA PLANTA CANA, PÕE FOGO, MAS NÃO PODE FAZER COLHEITA

Pelo segundo ano consecutivo, o produtor Manoel Barbosa Neto, que vive no assentamento Bela Vista do Chibarro, em Araraquara, esperava conseguir tirar o sustento da família da venda da produção de 14 hectares de cana-de-açúcar que plantou.
Porém, segundo Barbosa Neto, depois de ele ter colocado fogo no canavial e começado o corte da cana, o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), responsável pelo assentamento, o proibiu de colher.
“Eu entrei na Justiça para tentar colher, mas o prejuízo já tomei. Essa cana já não serve mais”, disse.
Segundo o produtor, que está no assentamento desde 1989, a venda da cana renderia cerca de R$ 50 mil. Ele disse que a terra não foi arrendada e que fez o plantio por conta própria e, por isso, não contrariou as regras para o cultivo em assentamentos.
Outros moradores do assentamento ouvidos pela reportagem afirmaram que também foram procurados pelo Incra para regularizar seus canaviais. O motivo, segundo eles, é que não poderia haver contrato de plantio com usinas e a cana não poderia ser a única cultura.
A superintendência do Incra em São Paulo diz que não há proibição ao plantio de cana nos assentamentos e que a legislação federal apenas não permite o arrendamento e a aquisição ilegal de lotes (Folha de S.Paulo, 15/3/10)