COSAN E SHELL COMEÇAM A ESTRUTURAR NOVA EMPRESA

Prazo para definição da joint venture deverá ser antecipado.
Vasco Dias, atual presidente da Shell no Brasil, foi o escolhido para ser o principal executivo da joint venture formada entre a Cosan e a petrolífera no país. A maior companhia de açúcar e álcool do mundo e a Shell anunciaram, no dia 1º de fevereiro, uma aliança dos ativos de açúcar, etanol, cogeração de energia a partir da biomassa, distribuição e comercialização de combustíveis no país.
A escolha de Vasco Dias reflete a experiência do executivo à frente dos negócios de distribuição de combustíveis no Brasil, afirmou uma fonte ao Valor. A joint venture entre as duas companhias deverá resultar na criação de duas ou mais companhias voltadas para a produção de etanol e distribuição de combustíveis. A companhia nasce com faturamento de cerca de R$ 40 bilhões – a área de combustíveis irá responder por 80%.
Dias vai se reportar ao conselho de administração da nova companhia, presidido pelo empresário Rubens Ometto Silveira Mello, fundador do grupo Cosan, conforme comunicado da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Sob o guarda-chuva da futura empresa, criada a partir dessa aliança, estarão os executivos Pedro Mizutani, presidente da Cosan Açúcar e Álcool e Energia, Luís Henrique Guimarães, responsável pela comercialização de combustíveis para varejistas e consumidores e também por combustíveis de aviação, e Leonardo Gadotti Filho, presidente da Cosan Combustíveis e Lubrificantes (CCL), ex-Esso, incorporada pela Cosan em 2008.
Carlos Piotrowski, vice-presidente corporativo da Cosan, continuará na gestão do Centro de Apoio ao Negócio (CAN), área que responde pelo gerenciamento de projetos especiais do grupo e de Recursos Humanos, tecnologia da informação (TI), suplementos e logística internas, atendimento e suporte ao cliente.
Marcos Lutz, CEO da Cosan, é o executivo de confiança do fundador do grupo para traçar as estratégias da companhia e também terá assento do conselho de administração da nova empresa. “Sob a Cosan, estarão a nova empresa (a partir da joint venture), a Rumo Logística e a Radar (comercializa terras)”, afirmou uma fonte.
As participações da Cosan e a Shell nas novas empresas que serão criadas ainda estão em estudo. A Cosan e Shell têm até o fim de julho para definir a estruturação da companhia, mas esse prazo poderá ser antecipado. Duas ou mais empresas poderão ser constituídas. O grupo está à procura de um executivo financeiro (CFO) e um diretor de Recursos Humanos. Marcelo Martins, atual CFO da Cosan, permanece na Cosan e não deverá acumular as duas funções.
A união entre as duas empresas foi considerado o grande negócio do ano no setor de combustíveis. Fontes do setor afirmam que Cosan e Petrobras teriam se reunido em um passado recente para discutir aliança, mas o negócio não foi para frente. Agora, a estatal brasileira corre por fora para tentar elevar participação em usinas produtoras de etanol.
As marcas da Cosan e da Shell também estão em discussão. Elas não foram valoradas nessa união. “Será discutida qual marca deverá prevalecer nessa joint venture. Depois haverá um encontro de contas de royalties”, disse outra fonte ao Valor. Dessa aliança, nasce a terceira maior distribuidora de combustíveis do país, com 4,5 mil postos e fatia de 21,6% no mercado, que brigará palmo a palmo pela vice-liderança, que hoje pertence ao grupo Ultra (Texaco e Ipiranga), com participação de 24,6% no país (Valor, 16/3/10)