Presidente da ABEF defende sistema de integração agroindustrial

  
turra  O sistema de produção avícola integrada – uma parceria que há 60 anos une criadores de frangos e agroindústrias em território catarinense – é exitosa e deve ser mantida. Graças a ela fortaleceu-se a economia dos municípios e fixou-se a família rural no campo, amenizando o êxodo rural. A defesa do sistema de integração foi feita nesta semana, em Chapecó, pelo presidente da Associação Brasileira de Produtores e Exportadores de Frango (ABEF), o ex-ministro da Agricultura Francisco Sérgio Turra em reunião com prefeitos, empresários e secretários de agricultura, na sede da Associação dos Municípios do Oeste de Santa Catarina (Amosc).
 A avicultura é a melhor alternativa econômica para o pequeno produtor rural, constituindo um modelo copiado por outros países. Revelou que muitos países da América Latina e do Oriente Médio procuram frequentemente a ABEF em busca de empresas brasileiras que queiram se instalar no exterior, oferecendo, para isso, uma série de incentivos fiscais e materiais.
 Lembrou que 2009 foi um ano difícil para a agricultura e o agronegócio em geral, período no qual produtores e indústrias amargaram prejuízos, depois de um período de crescimento médio anual de 12% na década. Em 2009 houve recuo nos mercados tradicionais e o Brasil cresceu apenas na Ásia e na África. Para 2010, a projeção é de incremento de 5% no volume de produção física de carne de frango e 10% em receitas. O consumo per capita nacional chegará próximo de 40 kg/habitante/ano.
 As exportações também devem crescer, com a recuperação dos preços em dólar e ampliação da presença em mercados emergentes, como Nigéria, Indonésia, Malásia e Paquistão. A carne brasileira é exportada para 152 países.
 Depois de lembrar que a carne de aves é universalmente aceita em razão de sua alta qualidade e da inexistência de restrições de ordem religiosa, Turra asseverou que o sistema de integração levou bem-estar às famílias rurais e transferiu tecnologia aos criadores. Assegurou que são injustas algumas críticas endereçadas ao sistema de integração, mostrando que a Embrapa realiza pesquisas econômicas sobre custos e resultados que atestam o equilíbrio na relação produtor-indústria.
 
EMPREGO E RENDA
 Todas as regiões brasileiras desejam empresas avícolas com esse sistema de produção, em razão da capacidade de gerar empregos, viabilizar estabelecimentos rurais e distribuir riquezas ao longo da cadeia produtiva, lembrou o ex-ministro. A cadeia mantém, no Brasil, 4,5 milhões de empregos indiretos.
 O presidente da ABEF recomendou que o Estado mantenha a liderança nas exportações, posição que rivaliza com o Paraná. Santa Catarina é o segundo maior produtor de aves do país com abate anual em torno de 700 milhões de frangos e perus. Para isso, precisa manter o sistema de integração e investir permanentemente na elevação da competitividade.
O dirigente considerou absurda a sugestão de transformar os avicultores integrados em empregados das agroindústrias, em regime de CLT. “Os criadores são empresários rurais, proprietários de seus imóveis que, além da avicultura, produzem grãos, leite, frutas, etc, não constituindo uma relação empregatícia”. Turra teme que esse tipo de discurso leve os frigoríficos a repensar a transferência para o centro-oeste, onde os Estados oferecem fortes incentivos e a produção de grãos é farta. Frisou que o contrato de parceria está regulamentado na legislação civil brasileira.
Turra esteve acompanhado do diretor executivo da Associação Catarinense de Avicultura (Acav), Ricardo Gouvêa.
 
 
MARCOS A. BEDIN
Registro de jornalista profissional MTE SC-00085-JP
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