Entrevista: Especialista fala sobre fitossanidade da cana-de-açúcar

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24/03/10 – Acompanhe uma entrevista com o Dr. Newton Macedo, especialista em fitossanidade na cana-de-açúcar. Ele mostra a importância da realização do manejo de pragas e doenças, principalmente para controle das pragas de solo.
Este mês, em algumas regiões, a cana-de-açúcar está em fase de plantio. Quais cuidados o produtor deve ter para garantir uma boa colheita?

O primeiro passo é preparar muito bem o solo, pois com isso o produtor consegue reduzir o potencial das pragas presentes no local. Um bom exemplo são as colônias de cupins, pois quando o solo é bem preparado, elas são desorganizadas, o que muitas vezes diminui até mesmo a necessidade de aplicação de produtos químicos. Obviamente, quando há infestação, é indispensável o uso de inseticidas para garantir uma boa germinação.
Outra “praga” de solo bastante comum são os nematóides, agentes patogênicos, que devem ser controlados com nematicidas, caso a infestação seja média ou alta. Para cada praga há parâmetros específicos para determinar o nível da infestação, e os produtores geralmente possuem o perfil de suas propriedades.
Em diversas culturas, as temperaturas elevadas têm favorecido a proliferação de algumas pragas e doenças. O mesmo está ocorrendo ou pode ocorrer com a cana?
Sim, realmente este foi um ano (primavera/verão) atípico em termos de temperatura e pluviosidade, o que potencializou o aparecimento principalmente de duas pragas: a cigarrinha da raiz e a broca da cana-de-açúcar. Para o controle de ambas devem ser utilizados os defensivos: para broca, biológico e químico; para cigarrinha, químico.
Como o produtor pode minimizar os possíveis danos? Há alguma praga ou doença com a qual ele deve ser preocupar mais?
Para todas as pragas citadas a indicação é realizar o monitoramento de populações para que o defensivo seja aplicado no início das infestações. O controle é muito mais efetivo quando a aplicação é feita neste período.
A cigarrinha da raiz e a broca da cana-de-açúcar são incidentes no período de primavera/verão, e por isso o produtor já deve ter realizado o controle das duas. Já no caso dos Sphenophorus, este é o momento de iniciar o monitoramento e, se necessário, entrar com a aplicação de produtos, tanto em plantios como em soqueiras.
As pragas que ficam no solo podem causar sérios prejuízos ao produtor. Há alguma medida específica para tratá-las?
As principais medidas são os cuidados no plantio: realizar um bom preparo do solo e o monitoramento para detecção de pragas. Caso haja infestação, aplicar o defensivo na hora do plantio, principalmente cupins e nematóides. No caso da cigarrinha da raiz, esta é um problema bastante grave em áreas de colheita de cana crua onde predominam solo pesados.
A aplicação de produtos para prevenir doenças e pragas é uma medida eficaz, e além desta, quais outros cuidados os produtores podem ter para evitar estes problemas?
Para pragas, o controle químico é a medida mais eficaz, claro que de acordo com a praga em questão, e lembrando sempre da importância de monitorar a população. Para doenças, com exceção dos nematóides, que são controlados quimicamente, o controle é baseado na escolhas das variedades plantadas, que devem apresentar algum grau de resistência.
O controle de pragas é fundamental para preservar o investimento que o produtor faz com insumos, como mudas, herbicidas, adubos e óleo diesel, pois quando não há um controle adequado, as perdas são potencializadas. Todo o lucro que ele teria com o investimento feito é comprometido na colheita, corroído pelas pragas.

23/03/10
Fonte: Bayer CropScience