Produção de mel poderia triplicar com maior organização

Mato Grosso ainda não é um dos maiores destaques em volume na produção de mel no Brasil. A atividade cresce ano a ano, entretanto os apicultores reconhecem que o grande potencial estadual está por ser explorado e que ele causará uma positiva reviravolta no segmento. O potencial à espera de ‘ignição’ se resume em três estratégias: agregar valor à produção, já que o mel por si só não é o produto de melhor remuneração – é considerado a etapa mais fácil e de menor valor agregado da apicultura –, investir no rótulo de produto orgânico do Pantanal e ampliar a parceria com a rede pública estadual para incluir sachês de mel à merenda escolar.

Como explica o gerente da cadeia da Apicultura do MT Regional, José Catarino Mendes, o aumento da oferta de sachês de mel na merenda escolar para duas vezes na semana, por exemplo, elevaria a produção local atual, de 360 toneladas, para perto de mil toneladas. “Apenas esta ação provocaria um boom na nossa produção”.

Além da parceria, Catarino lembra que o mel, mesmo sendo o carro-chefe da apicultura, não acaba sendo o de melhor resultado financeiro ao produtor. Para agregar remuneração, segundo ele, seria necessário ofertar cera de abelha e outros subprodutos de maior cotação. O MT Regional não tem dados sobre produção além do mel centrifugado, que é ofertado no varejo em geral. “Se a criança se acostumar a ter o mel na escola, vai pedir ao pai para levar o produto para casa. Fomentar o consumo de mel, que é um excelente alimento, por meio das crianças é a melhor maneira de estimular este hábito”, completa o gerente do MT Regional.

Difundir a produção orgânica, livre de agrotóxicos, seria, segundo o segmento, a melhor das estratégias para levar a produção mato-grossense para um lugar de destaque tanto no mercado interno como externo. “Estamos inseridos em três ecossistemas da natureza, Pantanal, Cerrado e Amazônia. Temos de estampar isso na nossa produção e isso tem de ser o nosso maior diferencial, porque uma produção sob a chancela de um destes ecossistemas será a certeza de um produto puro e possibilitará a agregação de valor que precisamos. Temos de afirmar que esta produção pura tem cor, aroma e paladar diferenciados”.

ENIPEC – A Federação das Entidades Apícolas do Estado de Mato Grosso (Feapesmat) vai aproveitar a sexta edição do Encontro Internacional dos Negócios da Pecuária (Enipec 2010), promovido pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), para apresentar um raio-x da atividade no Estado e ainda ampliar os conhecimentos dos apicultores em relação à organização da cadeia, manejo e conservação ambiental.

O evento será realizado de 3 a 5 de maio, no Centro de Eventos Pantanal, em Cuiabá, e foca nove cadeias produtivas da atividade pastoril: bovinocultura de corte, bovinocultura de leite, avicultura, suinocultura, ovinocultura, caprinocultura, aqüicultura, equideocultura e apicultura. O tema central deste ano é “Desafios de quem produz”. A previsão dos organizadores é de que cerca de 3 mil congressistas participem dos três dias do evento, que ao fim somará 44 palestras técnicas e quatro Palestras Magnas. O Enipec 2010 é promovido em co-realização com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT) e com a Associação de Criadores de Mato Grosso (Acrimat).

 

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