Cana-de-açúcar, cal e ureia: mistura supre carência proteica do gado na seca

20080911152229_1266_large1A mistura de cana-de-açúcar com cal e ureia pode ser uma boa opção para alimentar o gado no período de inverno. É o que mostra uma publicação da Embrapa Agropecuária Oeste, organizada pelo pesquisador Luiz Armando Zago Machado, destinada a pequenos produtores de leite da região de Mato Grosso do Sul. De acordo com a publicação, as grandes concentrações de açúcar nos colmos conferem bom potencial energético à mistura. Largamente adotada no Brasil, a técnica pode garantir o desempenho dos rebanhos durante a estação seca.

Cultura perene, de baixo custo e alta produtividade, a cana preenche o vazio forrageiro, mas necessita de correção para suprir suas limitações qualitativas. A cal permite a conservação do material e a ureia supre boa parte da carência proteica dos bovinos.

Para cada 100 quilos de cana triturada, o ideal é misturar bem um quilo de cal virgem micro-processada e diluída em quatro litros de água. O processo iniciado com pulverizador ou regador leva, pelo menos, três horas para ser concluído. Então, o material pode ser estocado por quatro dias — explica o pesquisador.

Já o enriquecimento da ração com ureia requer maiores precauções, como um período de adaptação às quantidades gradativamente aumentadas até atingir a dose cheia. A adição é feita pouco antes do fornecimento, preferencialmente em ambientes fechados ou em coxos furados para evitar o acesso prematuro dos animais e o acúmulo de poças causadas pela chuva.

O consumo de altas doses da substância rica em nitrogênio pode causar danos à saúde. Por isso, a proporção é de 100 quilos da mistura para alimentar oito vacas por dia. Animais com menos de quatro meses, muito debilitados e famintos também não podem ter acesso ao alimento. O sal mineral é oferecido separadamente. E as sobras rejeitadas são desprezadas porque secam e perdem a palatabilidade. A mistura pode ser feita pelos produtores, mas o acompanhamento técnico é muito interessante — revela.

De acordo com Machado, tremores, agitação, salivação excessiva, desequilíbrio, respiração ofegante e defecação descontrolada são os sintomas mais frequentes de intoxicações, que devem ser tratadas por veterinários. No entanto, o consumo de sete quilos de vinagre por cabeça e um pouco de exercício evita problemas de inchaço no lado esquerdo do lombo (tipanismo).

Embrapa Agropecuária Oeste