Dez novas usinas deverão iniciar a moagem na região Centro-Sul do país este ano
A União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) prevê que dez novas usinas entrarão em operação no Centro-Sul do país em 2010, mas nenhuma delas no Paraná. Minas Gerais terá três estreias, São Paulo e Goiás duas cada um e as outras três unidades que começarão a moer cana funcionarão em Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Rio de Janeiro. A concorrência com culturas como milho e soja é apontada como um “entrave” para a expansão de novos projetos sucroalcooleiros no Paraná, que é o maior Estado produtor de grãos do Brasil.
A maior parte dos melhores solos paranaenses estão com as culturas de grãos e cereais, explica Jorge Luís Donzelli, coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC). Mas o fato de a cana estar sendo cultivada em solos mais fracos que os de grãos não quer dizer que eles sejam ruins. A desvantagem, segundo ele, pode perfeitamente ser compensada com tecnologia, como por exemplo, adubação. Essa necessidade, no entanto, pode representar um custo agrícola 30% mais elevado.
É preciso considerar que, nessa equação, o custo da cana representa 60% do custo de produção final do açúcar e do álcool, conforme acrescenta Antônio de Pádua Rodrigues, diretor-técnico da Unica.
Além disso, a concorrência dos grãos puxa para cima os preços da terra no Paraná – que, depois dos paulistas, são os maiores do Centro-Sul. Em 2009, o valor médio do hectare em Paranavaí (PR) foi de R$ 10 mil, segundo levantamento da consultoria AgraFNP. Para Rio Verde (GO), esse valor foi de R$ 9,4 mil, e para Uberlândia, de R$ 9,16 mil.
“Essas novas fronteiras têm mais disponibilidade de terra. O Paraná tem terra disponível e boa, segundo o zoneamento, mas há regiões que não têm topografia muito favorável”, diz Adriano Dias, superintendente da Associação dos Produtores de Bioenergia do Paraná (Alcoopar) (Valor, 12/4/10)