Pesquisa: centro de cana pode virar S.A.

Mudança no Centro de Tecnologia Canavieira, dono do maior banco genético de cana do mundo, divide opiniões.
O Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), maior instituição de pesquisa de cana do mundo, caminha para se transformar em uma Sociedade Anônima e deixar de ser uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip). A mudança pode ser votada em assembleia nesta quarta-feira, dia 14, em São Paulo (SP), abrirá caminho para a injeção direta de recursos externos privados e até para a venda do CTC, o que criou fortes divergências na instituição e entre os associados.
Por ser uma Oscip, o CTC é mantido pelos atuais 160 associados, entre usinas e associações de fornecedores de cana, e recursos externos só são possíveis por meio de parcerias e convênios. O presidente do Conselho de Administração do CTC, Roberto Rezende Barbosa (ex-sócio do Grupo NovAmérica, que foi vendido para o Grupo Cosan, do qual se tornou acionista), defendeu a mudança. Ele admitiu que a instituição poderá ser vendida, mas negou que essa seja a intenção.
“A S.A. abre caminho para a venda, o que não é nossa intenção, e sim as parcerias e os novos arranjos; não é politicamente correto falar em venda agora.” O executivo não gosta de falar em divergências internas sobre a questão dentro do CTC. “Ter unanimidade é difícil, cada cabeça tem uma opinião, mas todos percebem que é uma mudança para o bem.”
Divergência. Uma das principais divergências é a avaliação do valor do patrimônio do CTC feita pelo Rabobank, para a operação de joint venture entre Cosan e Shell. Como a Cosan é a maior acionista do CTC, com 20%, quando a joint venture foi montada, havia a necessidade de saber o valor do CTC. O problema é que alguns associados não concordaram com o valor dado pelo Rabobank, considerado baixo demais. E, em uma futura de venda do CTC, a avaliação poderia ser usada.
O CTC, de 40 anos, tem o maior banco genético de cana do Planeta e não se resume apenas à pesquisa com cana. O CTC tem uma série de soluções para os associados e outras variantes de pesquisa, entre elas a com etanol de primeira e segunda gerações. Alguns associados temiam que o CTC tivesse o mesmo tratamento – patrimonial e científico – dado, por exemplo, à Canavialis, empresa do grupo Votorantim vendida em 2008 para a Monsanto. A avaliação é a de que o interesse no CTC seria muito maior.
Outro ponto de receio entre os associados é o poder que o Grupo Cosan, o qual defende a transformação em S.A., tende a ganhar no CTC, pois passará de maior associado atual para o maior acionista no CTC S.A., com cerca de um quarto de participação na empresa. O restante seria entre o Grupo São Martinho, com cerca de 5%, e ainda pulverizado em outros 158 acionistas. “O capital acionário será proporcional à contribuição e a Cosan é lógico que será a maior”, afirmou Barbosa (O Estado de S.Paulo, 14/4/10)